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    Manuel António Pina


    [Sabugal, 18 de novembro de 1943 — Porto, 19 de outubro de 2012]

    Manuel António Pina nasceu, em 1943, no Sabugal, na Beira Alta, mas vivia no Porto desde os 17 anos numa casa com muitos gatos, que lhe davam material de sobra para os poemas. Durante a infância, foi-lhe difícil fazer amigos. Andou de terra em terra por causa da profissão do pai que era chefe das Finanças e também tinha o cargo de juiz das execuções fiscais. A família nunca chegava a ficar mais de seis anos em cada localidade. Foi o pai que o ensinou a ler e a escrever mesmo antes de ir para a escola e treinava a ler os títulos do Jornal “Primeiro de Janeiro”. Desde os seis ou sete anos que escrevia poemas, que a sua mãe guardava, e embora só tivesse publicado o primeiro livro de poemas em 1974, começou a escrevê-lo em 1965.
    Manuel António Pina licenciou-se em Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e foi jornalista do Jornal de Notícias durante três décadas, tendo sido depois cronista do mesmo jornal e da revista Notícias Magazine.
    A sua obra incidiu principalmente na poesia e na literatura infanto-juvenil, embora tenha escrito também diversas peças de teatro e de obras de ficção e crónica. Algumas dessas obras foram adaptadas ao cinema e TV e editadas em disco. Entre os livros que publicou destacam-se "O Caminho de Casa" (1988), "Nenhuma Palavra e Nenhuma Lembrança" (1999), "A Noite" (2001), "Como se desenha uma casa" (2011) e "Todas as Palavras" (2012).
    A sua obra está traduzida em França (francês e corso), Estados Unidos, Espanha (espanhol, galego e catalão), Dinamarca, Alemanha, Países Baixos, Rússia, Croácia e Bulgária.
    A 9 de Junho de 2005 foi feito Comendador da Ordem do Infante D. Henrique e em 2011 foi galardoado com o Prémio Camões, instituído pelos governos de Portugal e do Brasil, considerado o mais importante prémio literário destinado a galardoar um autor de língua portuguesa pelo conjunto da sua obra.
    Faleceu no passado dia 19 de Outubro, vítima de doença prolongada.

    A um Jovem Poeta

    Procura a rosa.
    Onde ela estiver
    estás tu fora
    de ti. Procura-a em prosa, pode ser 
    que em prosa ela floresça
    ainda, sob tanta
    metáfora; pode ser, e que quando
    nela te vires te reconheças 
    como diante de uma infância
    inicial não embaciada
    de nenhuma palavra
    e nenhuma lembrança. 
    Talvez possas então
    escrever sem porquê,
    evidência de novo da Razão
    e passagem para o que não se vê. 

    Manuel António Pina, in "Nenhuma Palavra e Nenhuma Lembrança

    As obras do escritor existentes nas Bibliotecas Escolares do Agrupamento podem ser vistas aqui ...

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